Antigos Casarões meros cortiços
Esquecidos e abandonados, intensos nas cores, de uma arte intrínseca que me faz o olhar silencioso, tentando entender a fragilidade cotidiana cortinada na história de lugares antes habitados por uma elite, que o tempo fragmenta em velhas pensões e cortiços, algumas ainda imponentes na sua beleza, permanecem com seus contornos esculturais ladeando seus beirais, edificações que não concebemos mais. Tudo se revela, reverenciando o passado como um fio costurado no início de um período colonial e de uma belle époque de casarios que não voltam mais.
Ruínas, o pó assentando depois de uma dança secular em feixe de luz, embriaga-me o cheiro das madeiras ainda vivas no forro do teto e no ranger do chão, caminhos que abrem portas talhadas no passado e fazem-se presente, maciçamente densas na aridez descascada e viva, entre espaços de vidros quebrados das janelas devoradas pelas rachaduras no batente do tempo.